Gestão Industrial

Kanban: o que é, como funciona e como aplicar o método

Mãos organizando post-its coloridos em um quadro de Kanban.

O Kanban é um método de organização da produção que utiliza cartões – sejam físicos ou digitais – distribuidos em colunas que representam as diferentes etapas do processo produtivo. A palavra vem do japonês e significa “ cartão” ou “quadro de sinais”, e hoje empresas no mundo todo utilizam esse método.

O sistema pode funcionar com cartões de papel, controles visuais em estoques – como as gôndolas de supermercados, por exemplo – ou por meio de sistemas digitais. O importante é que cada cartão contenha as informações relevantes, como o código, nome da peça, fornecedor, local de armazenamento e consumo.

Neste artigo, você vai conhecer a história, definição, função e a aplicação nas empresas. Tenha uma boa leitura!

 

 

Kaban: O que é? Como funciona?

Como explicamos anteriormente, kaban – que em japonês significa “cartão” – é uma metodologia de gestão de fluxo de trabalho. Seu uso pode variar de acordo com o segmento da empresa, mas, no geral, baseia-se no uso de cartões físicos ou digitais organizados em colunas e que representam as diferentes etapas do processo.

Cada cartão mostra uma tarefa ou item a executar e traz informações como: responsáveis, descrição detalhada das atividades e os prazos de entrega das subtarefas.

Esse tipo de sistema facilita a gestão de trabalhos distribuídos entre várias pessoas e torna mais eficiente o acompanhamento de projetos complexos.

Inicialmente, era usado para a manufatura, porém logo foi conquistando espaço entre as equipes de desenvolvimento de Software Ágil, e atualmente, também está presente como recurso integrado em sistemas de PCP e ERP.

 

História do Kanban

O kanban foi criado por Taiichi Ohno – engenheiro da Toyota – durante a década de 1940 no Japão, desempenhando um papel importante no conceito de produção puxada e Just-in-Time.

O conceito surgiu da forma como supermercados organizavam e reabasteciam produtos conforme a demanda dos consumidores que circulavam pelos corredores.

Na época, os mercados funcionavam mais como almoxarifados: o cliente entregava sua lista e um funcionário retirava os itens do estoque. Hoje, é difícil imaginar um mercado funcionando assim, e no futuro, talvez também desapareçam os almoxarifados como os conhecemos.

No Brasil, o Kanban chegou na década de 1980 e ficou conhecido como “Gestão Visual”, usando cartões ou estoques intermediários visuais para controlar o fluxo de peças e a movimentação de estoques.

 

Tipos de kabans

Na indústria, existem vários tipos de kaban, sendo os mais comuns:

  • Kaban de produção
  • Kanban de requisição
  • Kanban de movimentação

 

De acordo com o criador do método, o kaban de requisição tem como função indicr ao processo seguinte quais produtos e em qual quantidade devem ser retirados.

Enquanto o kanban de produção orienta o processo anterior, mostrando o que precisa ser fabricado e em qual volume.

 

Como funciona cada tipo?

Agora que você já entendeu quais são os principais tipos de kanban, é importante saber como cada um deles atua dentro do fluxo produtivo. Cada modalidade tem uma função específica na comunicação entre os processos, garantindo que as informações sobre produção, requisições e movimentações circularem de forma mais clara e eficiente.

Compreender essas diferenças é essencial para aplicar o kanban de forma correta e tirar o máximo proveito do método, confira a seguir:

 

Kanban de produção

O kanban de produção é normalmente utilizado ao longo da linha de produção e tem como objetivo indicar a quantidade exata de peças e componentes ( ou qualquer outro tipo de material utilizado na produção) necessários para cada linha de produção.

É um meio de agilizar e facilitar o processo, pois faz a solicitação de materiais para a linha de produção e autoriza a fabricação dos itens.

 

Kanban de requisição

Esse tipo de kanban tem a função de indicar ao processe seguinte a quantidade de itens que devem ser retirados do estoque para assegurar a continuidade da confecção dos produtos.

 

Kanban de movimentação

Esse kanban, também chamado de transporte, tem como objetivo autorizar que os produtos sejam deslocados entre fornecedor e cliente.

Geralmente, ele substitui o kanban de produção, sendo fixado ao item durante o trajeto e retirado quando chega ao processo seguinte.

 

Benefícios do kanban

O kanban ajuda a tornar possível a produção puxada, que tem como objetivo diminuir de forma significativa os estoques intermediários entre as etapas produtivas.

Na prática, funciona assim: se o próximo processo já possui a quantidade máxima de itens necessárias em estoque, o processo anterior interrompe sua produção até que esse nível comece a cair. Em outras palavras, a máquina volta a operar quando o estoque destinado à etapa seguinte atinge o ponto mínimo definido.

Apesar de parecer estranho em primeiro momento, é um mecanismo bastante eficiente. Com o tempo, os limites mínimo e máximo estabelecidos no kanban tendem a ser ajustados para níveis cada vez menores, conforme o sistema amadurece dentro da fábrica. Essa lógica, além de reduzir estoques, gera e inúmeras vantagens para a operação, entre as quais podemos destacar:

  • Menos burocracia nos processos, pois elimina a necessidade de registros e controles em execesso;
  • Redução no tempo de ciclo, o que acelera tanto o fluxo de materiais quanto na conclusão da produção;
  • Maior transparência na identificação de problemas;
  • Diminuição de desperdícios e custos, tanto na implantação quanto na fabricação, além da queda no volume de produtos armazenados;
  • Maior engajamento dos colaboradores, pois cada função ganha mais valorização;
  • Facilidade de implementação, mesmo em indústrias que ainda não possuem um alto nível de organização;
  • Controle do processo realizado diretamente pela produção, garantindo mais eficiência e melhoria na qualidade final do produto;
  • Incentivo ao trabalho coletivo, pois todos precisam atuar alinhados ao quadro de tarefas.

 

Quando usar o método?

O método de kanban se aplica a praticamente qualquer tipo de processo.

Quanto maior a complexidade e o número de etapas envolvidas na produção de um produto ou serviço, maior será o benefício de utilizar essa metodologia. Isso porque processos muito longos costumam envolver muitas fases, diferentes profissionais e diversos materiais, abrindo espaço para melhorias significativas.

Enquanto para atividades mais simples, o kanban pode não ser tão vantajoso, pois o esforço para atualizar o quadro pode acabar sendo maior do que simplismente executar a tarefa.

 

Exemplos de kanban

Quadro de projetos e tarefas

Grupo de pessoas em reunião analisando post-its coloridos colados em um quadro para organizar tarefas e ideias.

 

kanban no sistema iApp PCP

Tela do sistema iApp PCP mostrando quadro de tarefas no modelo Kanban, com ordens de produção organizadas por fases produtivas.

 

Exemplo de aplicação do Kanban na indústria

Pense em uma fábrica de garrafas plásticas. Para que a máquina molde as peças, ela precisa ser constantemente abastecida com pré-formas de plástico. A quantidade necessária desse insumo é controlada por meio de cartões Kanban.

Nesse caso, vamos supor que a linha de produção precise fabricar 200 garrafas por hora. Para isso, o operador deve ter disponível a mesma quantidade de pré-formas para alimentar a máquina.

Se o abastecimento atrasar, a produção para imediatamente.

No início do turno, o operador recebe as 200 pré-formas necessárias e organiza os cartões que representam esse volume, classificados do verde até o vermelho.

Conforme a máquina é alimentada, um cartão verde é removido do painel, indicando o consumo do material. O processo continua até que os cartões amarelos apareçam, sinalizando que o estoque está chegando ao ponto crítico e que o tempo de reposição precisa ser respeitado para não comprometer o fluxo.

Por fim, quando restam apenas os cartões vermelhos, temos o chamado estoque de segurança. Se não houver reposição nesse estágio, a produção para.

Esse controle pode ser feito manualmente, mas demanda disciplina e tempo. Por isso, muitas indústrias optam por sistemas digitais de Kanban, que automatizam o processo e reduzem o risco de falhas.

 

Como implantar o kanban?

 

Passo 1: Mapear os processos

O primeiro passo para implementar o sistema de Kanban é mapear os processos da sua produção. Isso significa identificar claramente cada tarefa envolvida e, em seguida, definir a forma mais eficiente de organizar as colunas do seu quadro Kanban.

Além disso, é importante destacar que, dependendo do tipo de Kanban escolhido para a sua empresa, os passos a passos podem variar. Dessa forma, você garante que o método seja adaptado à realidade do seu processo produtivo e traga resultados consistentes.

 

Passo 2: Priorizar e padronizar etapas

No segundo passo, é essencial definir as cores, os nomes e as prioridades dos itens que compõem o Kanban. Além disso, estabeleça claramente os responsáveis por cada tarefa e outros detalhes relevantes. Essa organização garante maior transparência no fluxo de trabalho e evita falhas de comunicação durante a execução.

 

Passo 3: Treinar os colaboradores

Tendo seu método definido, é necessário apresentar o kanvan e treinar os colaboradores que terão acesso a ferramenta.

Essa etapa é fundamental, pois ajuda a eliminar dúvidas e evitar objeções que poderiam comprometer a implantação do sistema.

Antes de avançar, é indispensável garantir que todos estejam alinhados e de acordo com a forma de utilização. Assim, o processo segue com clareza e engajamento da equipe.

 

Passo 4: Melhoria contínua

No último passo, analise como o kanban está sendo aplicado em seus processos e utilize o conceito de melhoria contínua para manter tudo sempre otimizado.

Nesse estágio inicial, surgem as maiores oportunidades de ajustes, portanto, observe com atenção a forma como a ferramenta está sendo utilizada. Assim, você poderá identificar falhas rapidamente e corrigi-las o quanto antes.

 

Ferramentas para usar o kanban

O Kanban se adapta a diferentes formas de aplicação. Com o avanço da tecnologia, as opções se tornaram mais modernas e variadas. Veja a seguir as formas mais comuns de utilização:

 

Quadro branco

Nesse método, o Kanban utiliza superfícies verticais, como quadros brancos ou painéis. Basta desenhar as colunas com linhas ou retângulos e, em seguida, preencher cada espaço com post-its ou anotações à mão, representando as tarefas e suas informações.

Esse formato é ideal para quem prefere o trabalho presencial, pois facilita a visualização ampla do fluxo e das situações do dia a dia.

No entanto, trata-se de um método mais lento, trabalhoso e com pouca segurança das informações. Por isso, use-o apenas para tarefas pontuais ou projetos específicos.

 

Planilhas Eletrônicas

Planilhas, como Excel e Google Planilhas, adaptam-se facilmente para organizar as tarefas da sua empresa no método Kanban. Com o uso das fórmulas corretas, é possível criar uma plataforma rica em funcionalidades e até mesmo automatizável.

Por outro lado, um dos principais desafios está na configuração recorrente, já que exige tempo e estudo para personalizá-la com novos recursos. Mesmo mais avançado do que o método anterior, esse formato ainda traz limitações que você precisa considerar.

 

Software Ágil

Um Software Ágil organiza tarefas e processos dentro de metodologias ágeis. Plataformas como Trello, Asana e o Monday são execelentes exemplos, oferecendo praticidade e eficiência na gestão do trabalho em equipe.

Essas ferramentas funcionam muito bem em empresas de serviços. Contudo, quando aplicadas a uma indústria, acabam deixando lacunas importantes, já que não contam com recursos específicos para o controle da produção – o que pode gerar problemas sem solução adequada.

 

Sistema de PCP

A implantação de uma metodologia ágil deve considerar as necessidades específicas de cada empresa. No caso das indústrias, o ideal é contar com um sistema de PCP (Planejamento e Controle da Produção), desde que ofereça a funcionalidade de Kanban.

Assim, todas as informações da empresa ficam conectadas diretamente aos processos produtivos, tornando mais simples e rápido atualizar o estoque a cada baixa ou nova compra, por exemplo.

Saiba mais sobre o que é um sistema de PCP

 

Com funciona um kanban em um software de PCP?

Agora que você já compreendeu como funciona o Kanban e tem uma visão clara da ferramenta, o próximo passo é aplicá-la na prática o quanto antes. Afinal, se você chegou até este ponto do artigo, é porque busca melhorar a gestão da sua indústria — e uma das melhores formas de fazer isso é adotar um sistema criado especialmente para o setor industrial.

Pensando nisso, convido você a assitir uma demonstração do iApp PCP e veja como ele pode transformar o controle da sua produção na prática.